Sobre nós

Felipe Mariano é formado em arquitetura. Durante a faculdade comprou sua primeira câmera fotográfica para se divertir nas horas vagas. Após 05 anos trabalhando como arquiteto, largou o mundo corporativo para dedicar-se somente à fotografia. Hoje se diverte quase todos os dias.
Jessica Chamma é neta e afilhada de fotógrafos. Na infância e adolescência sempre teve contato com a fotografia. Ingressou na faculdade de arquitetura, mas trancou a matrícula para repensar a carreira. Foi quando fez seu primeiro curso de fotografia, se apaixonou e nunca mais parou de fotografar.

Desde que começamos a estudar fotografia, pudemos conhecer e apreciar o trabalho de muitos fotógrafos e fotógrafas. Alguns se tornaram nossos ídolos (como Sebastião Salgado, Vivian Maier e Elliott Erwitt). Mas, eis um fato curioso: atualmente, nossa principal inspiração não vem de um fotógrafo, mas sim de um escritor: Antônio Prata.
Em junho de 2013, Antônio publicou no jornal Folha de S. Paulo uma crônica chamada “Recordação”. Esta crônica, a partir de então, nos fez refletir sobre o papel que gostaríamos que a nossa fotografia assumisse: o registro de uma realidade pura, autêntica, em todos os sentidos.
Gostaríamos de compartilhar um trecho desta crônica com vocês:

” (…) tinha pegado o táxi na Nove de Julho, o trânsito estava ruim, levamos meia hora para percorrer a Faria Lima e chegar à rua dos Pinheiros, tudo no mais asséptico silêncio, aí, então, ele me encara pelo espelhinho e, como se fosse a continuação de uma longa conversa, solta essa:

– Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado (…) A gente se conheceu num barzinho, lá em Santos, e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até que cinco anos atrás… Fazer o que, né? Se Deus quis assim (…) No começo foi complicado, agora tô me acostumando. Mas sabe que que é mais difícil? Não ter foto dela.

– Cê não tem nenhuma?

– Não, tenho foto, sim, eu até fiz um álbum, mas não tem foto dela fazendo as coisas dela, entendeu? Que nem: tem ela no casamento da nossa mais velha, toda arrumada. Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. Sabe o jeito que eu mais lembro dela? De avental. Só que toda vez que tinha almoço lá em casa, festa e alguém aparecia com uma câmera na cozinha, ela tirava correndo o avental, ia arrumar o cabelo, até ficar de um jeito que não era ela. Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e tal e descobri que é assim, é do ser humano, mesmo. (…) olha só, a pessoa trabalha todo dia numa firma, vamos dizer, todo dia ela vai lá e nunca tira uma foto da portaria, do bebedor, do banheiro, desses lugares que ela fica o tempo inteiro. Aí, num fim de semana ela vai pra uma praia qualquer, leva a câmera, o celular e tchuf, tchuf, tchuf. Não faz sentido, pra que que a pessoa quer gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas que são, não? Tá acompanhando? Não tenho uma foto da minha esposa no sofá, assistindo novela, mas tem uma dela no jet ski do meu cunhado, lá na Guarapiranga. (…) Ano passado me deu uma agonia, uma saudade, peguei o álbum, só tinha aqueles retratos de casório, de viagem, do jet ski (…)”

Esta crônica de Antônio Prata faz parte do livro Trinta e Poucos, publicado em 2016 pela Cia. das Letras. Também pode ser lida na íntegra no site do jornal Folha de S. Paulo.